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17 novembro 2006

AFRICANIDADES.







EDUCAÇÃO - AFRICANIDADES - BRASIL






TRABALHO ESCRITO 02
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
TEMA:



A Escola e as construções da identidade e da memória de nossos alunos, inseridos em uma comunidade e como membros de um processo histórico que pode mudar nossa realidade.






Trabalho elaborado por:

ADRIANA MARIA AIRES
ANA SILVIA MIRANDA DE SOUZA
EVA ANAÍDE DE SOUZA
MARIA ESTELA ALMEIDA DO NASCIMENTO
MARIA DO CARMO DE OLIVERIA ROS HERNANDEZ
REGIANE RODRIGUES DE GÓIS

Articuladora:

MARIA DO CARMO DE OLIVEIRA ROS HERNANDEZ

Tutor:

Girlei Reis


Universidade de Brasília
Cead – Centro de Educação a Distância
Faculdade de Educação
Novembro/2006

Introdução

Através da experiência vivenciada no trabalho com as 3ª e 4º séries atendendo ao tema proposto para a unidade I do curso Africanidades, pudemos observar como é rico e necessário a introdução dos debates e reflexões relativos as “Africanidades” para nossos alunos.
Muitos sequer sabiam que a África é um continente e não um país.
Como pudemos constatar apesar de muito se falar que no Brasil não há racismo, que hoje já há avanços em relação a condição de inserção dos afrodecendentes e já podermos observar algumas conquistas no campo das lutas e demandas dos movimentos sociais, dos negros ainda há muito que se fazer para mudar as concepções enraizadas em nossa sociedade.
Nossas crianças em grande número, se não em maioria são negras ou afrodescendentes. Temos uma comunidade com a mesma caracterização. Várias professoras e funcionárias também afrodescententes. No entanto não se partia desses dados para uma reflexão sobre a situação dessa parcela de nossa população em relação as condições de vida e de sua valorização. Sua identidade na nossa história. Sua cultura e a relação com o que somos hoje enquanto povo brasileiro e a sociedade construída através dessas relações.
Assim com a atuação e o trabalho executado foi possível situar-se e diagnosticar a necessidade de se levantar dentro de nossa comunidade e através de nossos alunos o que cada um tem a relatar sobre sua imagem, experiências, memórias.
Cultura, religiosidade e a verdadeira identidade étnica e identidades culturais que formam nossa sociedade, sendo não apenas tolerante mas valorizando a contribuição dos negros na formação da cultura, das riquezas de nosso povo, rompendo com o preconceito e as desigualdades.
Só é possível valorizar o que conhecemos e a partir daí é necessário reinventar e reescrever a História de nosso povo a partir da visão não da classe que domina e sim dos excluídos, dos pobres, dos afrodescendesntes. Incluir a história da Africa, reconhecê-la como berço da humanidade, terra onde se tem abundância de riquezas minerais e que já naquela época possuíam conhecimentos, tais como de metalurgia contribuindo com o desenvolvimento de diversos povos.
Assim podemos trabalhar buscando resgatar a identidade de nossas crianças, inserindo-as em um contexto onde tenham elevada sua auto-estima, provocando um processo de construção de valores e princípios a partir de experiências vivenciadas na escola.
A contribuição desse novo olhar sobre nossa ação, na prática vai além das questões das africanidades, pois quando se levanta tais questões também provocamos novos olhares sobre a onda de intolerância que ocupa várias regiões em toda sociedade, como a guerra no Iraque, ameaças de intervenção em outros países não se respeitando a autodeterminação dos povos, não se considerando a humanidade como merecedora de respeito, ultrapassando os limites pelo domínio e poder de alguns governantes.


Identificação da escola

Escola Municipal Dona “MARIA RONCAGLI MICHELOTTI”
Ato de criação: Decreto 3271/99 de 20/04/99
Teve o nome alterado para CEMEB DONA “MARIA RONCAGLI MICHELOTTI” conforme Lei 1821 de 31/08/2006.
Endereço: Rua Cecília Pereira Alves, nº 170 – Vitápolis – Itapevi – S.P.
Telefone: 4773 5194
Órgão que está jurisdicionado: Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Itapevi.
Patrona:

BIOGRAFIA: DONA MARIA RONCAGLI MICHELOTTI

Dona Maria Roncagli Michelotti nasceu aos 11 de outubro de 184, na Cidade de Cotia,filha de Ermetti Roncagli e Josephina Roncagli.
Mudou-se para Itapevi por volta de 1900 e, aos 15 anos de idade, assumiu a
responsabilidade da Agência dos Correios que na época era implantada na referida cidade.
Essa dependência dos Correios funcionou durante cerca de trinta anos na
própria residência de Maria Roncagli Michelotti, sendo que este fato em nada onerou a repartição.
Durante um período de cerca de quinze anos lecionou em Itapevi como professora leiga, substituindo professoras efetivas nos seus impedimentos eventuais por licenças, afastamento, etc. Lecionava também em sua própria residência, uma vez que na época não existia prédio escolar em Itapevi.
Aposentou-se como funcionária dos Correios e Telégrafos (Ministério das Comunicações), hoje Companhia Brasileira de Correios e Telégrafos, após quarenta e oito anos de efetivos serviços prestados na cidade de Itapevi. Faleceu a 03 de agosto de 1974, sendo ainda presidente honorária do Apostolado da Oração da Igreja “São Judas Tadeu” de Itapevi.
Sua morte deixou uma lembrança imorredoura no coração de todos, que não querem ver seu nome perder-se no esquecimento das futuras gerações.


D.O De 12.7.79
Lei Nº 2.035, de 11 De Julho De 1979

“Dá a denominação de “ Maria Roncagli Michelotti” à Escola de 1º grau de Vitápolis, em Itapevi.”

O Governador do Estado de São Paulo:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º - Passa a denominar-se “Maria Roncagli Michelotti” a Escola Estadual de 1º Grau de Vitápolis, em Itapevi.
Artigo 2º - Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, 11 de julho de 1979.
PAULO SALIM MALUF
Luiz Ferreira Martins, Secretário da Educação.
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 11 de julho de 1979.
Nelson Petersen da Costa, Diretor ( Divisão Nível II) Substituto.

FONTE:
Processo SE nº 02191/79 (Arquivado no CEMEB Dona “Maria Roncagli Michelotti).


Caracterização da escola:

Organização:

Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série – Ciclo I
Atende aproximadamente 550 alunos
Período: 07:00 às 12:00 hs
12:30 às 17:30 hs

Recursos Físicos:

Prédio Escolar, localizado no Bairro Vitápolis, em Itapevi.
Dividida em 2 blocos um em cada rua.
Bloco I – 05 salas de aula, sendo uma delas equipada com vídeo, DVD e TV 29’ – diretoria – sala de professores(as) – sala de informática com 10 máquinas - sala de almoxarifado, 01 banheiro para professores(as) – sala para secretaria. Biblioteca – banheiros masculinos e femininos para as crianças, casa de caseiro habitada.
Bloco II - 02 salas de aula – cozinha – despensa – banheiro para funcionários (as) – refeitório.
Não possui páteo coberto em nenhum dos blocos.

Dificuldades sobre o prédio:

1.- falta de espaço – falta de quadra e a existência de dois prédios separados por um rua, dificultando a circulação dos alunos para a merenda e aumentando a dificuldade no trato da segurança dos alunos.
2.A sala utilizada para biblioteca é de péssima condição, servindo inclusive para depósito de equipamentos, roupas da fanfarra entre outros. Não possui boa ventilação e claridade além de pouco espaço impedindo a colocação de mesas para trabalho.
Existe um projeto para construção de um novo prédio para abrigar a escola, no entanto não há previsão de quando será iniciada a obra.

Recursos Humanos

A unidade escolar conta com 14 professoras, todas efetivas (concursadas), uma diretora, uma vice diretora e uma coordenadora pedagógica, sendo as três nomeadas para exercer cargo em comissão.
O quadro de funcionários conta com um funcionário exercendo a função de secretário de escola e três agentes de serviço que cuidam da limpeza e acompanham os alunos no recreio e na passagem de um bloco para outro, todos concursados. O serviço de merenda escolar é terceirizado e duas merendeiras fazem e distribuem a merenda. Ainda conta com os serviços de um guarda escolar concursado que trabalha em sistema de rodízio entre as várias escolas.
As aulas de informática contam com apoio de três estudantes de ensino médio que participam do Programa “Inclusão Jovem”, auxiliando e orientando juntamente com as professoras da classe.
Há também projetos de recuperação paralela exercido por uma professora e um professor, atendendo alunos de 2ª, 3ª e 4ª série.


Caracterização da comunidade

O bairro é populoso, abrigando famílias simples com média de escolarização do ciclo I do ensino fundamental. È composta por migrantes nordestinos e nos últimos anos recebeu também migrantes do centro-oeste e sudeste.
Muitas mães trabalham como faxineiras, domésticas, costureiras, sendo em grande número cabeça de família.
A maioria mora em casa de alvenaria, própria e com no máximo dois cômodos. Outros em favelas ou em barracos nos morros. A grande maioria das crianças consomem a merenda escolar que é fundamental para sua alimentação.
A maioria freqüentou a pré-escola.
O bairro é cortado pelo rio Barueri Mirim, onde em algumas épocas ocorrem enchentes e possui uma estação de trem metropolitano, principal meio de transporte.
Possui poucas ruas asfaltadas e ainda falta serviço de saneamento básico, onde as poucas residências servidas pela coleta de esgoto, tem os dejetos despejados no rio “in natura” pela SABESP. Falta além desses serviços ainda algumas ruas para instalar a iluminação pública.
Ainda conta com mais uma escola de ensino fundamental de ciclo I e duas pré-escola.
É servido por várias igrejas, farmácias, padaria, açougue, supermercado entre outras casas de comércio.
A maioria das pessoas utilizam o trem para se locomover até São Paulo, onde trabalham, sendo a cidade conhecida como “cidade dormitório”. Nos últimos anos houve pequena melhora no comércio e instalação de algumas indústrias.

Organização do trabalho na instituição

Há um trabalho comprometido pela equipe de professoras que se organiza através do planejamento anual e bimestral com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino e nas Orientações e Diretrizes da Secretaria de Educação e Cultura do Município, sempre através de projetos visando um processo de ensino aprendizagem que não seja restrito e sim que remeta a criança a reflexão sobre o mundo que a cerca, através de uma visão de reconhecimento do contexto sócio-histórico-cultural na qual está inserida criança e famílias. Observando e refletindo sobre as concepções e relações estabelecidas na sociedade em geral, com instituições, igrejas e movimentos sociais.
Com um trabalho coletivo, envolvendo a equipe pedagógica, de gestão e funcionários, é elaborado o diagnóstico através de levantamento de dados e análise de indicadores educacionais com vista a elaboração e implantação de um trabalho coletivo como estratégia básica para elaboração do plano escolar.
Acompanhamento pela coordenação e gestores da escola do trabalho desenvolvido no processo de ensino aprendizagem.
Caso apenas com a avaliação contínua não seja possível garantir a aprendizagem do aluno, é oferecido a recuperação paralela, elaborada a partir de projetos que visem sanar desvios.

Todo trabalho visa que haja um desenvolvimento de ensino-aprendizagem, onde o aluno seja sujeito da construção de saberes. Onde haja de fato a construção do conhecimento, desenvolvendo autonomia, criatividade, criticidade situando-se no cotidiano, na diversidade de que se está inserido.

Formação de profissionais

Apenas duas professoras ainda não concluíram o Ensino Superior, mas ainda em 2006 estarão concluindo essa etapa de sua formação.
As professoras sempre primam por sua formação, sendo que algumas fazem cursos através de entidades educacionais além daqueles oferecidos pela Secretaria de Educação do Município.
Através da Secretaria Municipal no ano de 2006 cinco professoras participam do curso “Letra e Vida”, duas do Curso de Matemática, outras cinco do Curso Africanidades, e algumas outras oficinas oferecidas pela educação municipal.
Buscam aplicar conteúdos e experiências adquiridas nessas formações.
Há ainda que se considerar as três horas de trabalhos semanais na escola em HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo).

Acompanhamento e registros

A avaliação é contínua e integrada ao fazer diário do professor(a). Formativa, visando o desenvolvimento das capacidades dos alunos devendo ser um elemento que melhore a aprendizagem dos alunos(as) e reverta na melhoria da qualidade de ensino.
Há ainda um processo de avaliação externa e a reflexão sobre os resultados a luz do trabalho desenvolvido não só pelo professor, mas por toda a equipe, visando diagnosticar e propor ações que visem, através da avaliação do aluno, professora, equipe pedagógica e participação das famílias solucionar ou encaminhar proposituras para tentar solucionar os insucessos.


Proposta de intervenção

Para o ano letivo de 2007 será trabalhado com Projetos onde o tema será a questão da formação da identidade de nossos alunos sem exclusões, valorizando cada criança a partir de sua identidade, quebrando preconceitos e reconstruindo a imagem e a história de nosso povo através do olhar não daquele que estando no poder escreveu a história oficial, mas sim do olhar de homens e mulheres negros trazidos da África e que com suas tradições, cultura, conhecimentos contribuíram e formaram o povo brasileiro.

Embasamento teórico

Utilizaremos o livro “Educação – Africanidades – Brasil”, livros didáticos e paradidáticos, revistas e pesquisas de materiais em site da internet sobre o assunto.

Percurso metodológico

Através de trabalhos com Projetos interdisciplinares, envolvendo a equipe escolar e buscando parcerias com Entidades de movimentos sociais existentes no bairro, avançar na busca da valorização e construção da identidade e realizando também atividades relacionadas aos conteúdos e Parâmetros Curriculares Nacionais.
Livro Didático – Observação nos conteúdos e apresentações gráficas de como é tratada a imagem e história realizando uma leitura crítica e que vise os objetivos propostos .
Pesquisas com famílias e membros da comunidade sobre as memórias, religiosidade, brincadeiras e outras manifestações culturais onde se identifique aspectos da cultura herdada dos africanos.
Resgate de histórias, lendas e outras manifestações que permitam a construção dessa identidade.
Pesquisa de presença negra ou descentes nos vários momentos de nossa história, da presença negra nas artes, música, teatro, literatura, cientistas, personalidades e personagens relacionados as festas de origem africanas.
Buscar a influência na medicina popular, no vocabulário, vestimentas, músicas, danças, capoeira, vocabulário, religiosidade, linguagem utilizada e influência no português e regionalismo.
Buscar a valorização do corpo, desconstruindo a imagem e conceito de beleza nas várias caracterizações como rosto, cabelo, sexualidade, gênero.
Pesquisa sobre os povos remanescentes de Quilombos e entrevistas considerando a importância dessa conquista, contatando membros existentes na cidade vizinha São Roque, onde permanece organizado membros da Irmandade do Carmo.
Buscar identificar brinquedos e brincadeiras que possam ser utilizados no tratamento as questões de identidade e construção da imagem como utilizar bonecas negras.


Bibliografia
Cead - Unb
Livro “Educação -Africanidades – Brasil”

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