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21 setembro 2011

OS EFEITOS DO CAPITALISMO

Os efeitos do capitalismo



A sociedade capitalista produziu um mundo desigual, individualista, racista e preconceituoso. Nesse tipo de sociedade, a produção da riqueza se dá pela produção da pobreza, gerando a exclusão social (um dos sintomas típicos do sistema capitalista) que marginaliza uma grande parcela da população, onde esta se divide em ordem hierárquica, sendo o fator econômico o principal elemento dessa divisão de classes. Dentre os diversos efeitos negativos do sistema capitalista, aponto o preconceito e a questão racial como um dos mais graves na nossa sociedade, sendo o sistema capitalista o único responsável por tal aberração, uma vez que o racismo deve ser entendido como fenômeno das conjunturas políticas, econômicas e culturais do mundo capitalista; e não como herança biológica. O conceito raça é produto dos grupos sociais dominantes que procuravam justificá-lo através do etnocentrismo. As raízes da questão racial se encontram na ideologia da superioridade da civilização européia: a crença de que possuía o melhor sistema social, econômico e cultural: o capitalismo – na época, capitalismo comercial.

O racismo, nada mais é, do que o resultado das justificativas ideológicas do sistema capitalista da sociedade européia que se sobrepôs através da exploração e submissão da força de trabalho de outrem. Tais justificativas foram fundamentais para o domínio social e econômico das sociedades capitalistas e mesmo com as mudanças ocorridas posteriormente (a abolição) não deixa de ser um fator conveniente às mesmas classes capitalistas; porém agora impulsionado pelas transformações do próprio sistema – capitalismo industrial. A escravidão negra deve ser entendida como um negócio lucrativo de uma das fases do capitalismo – capitalismo comercial – uma vez que o ´tráfego negreiro tinha por objetivo fornecer o mercado consumidor à fim de ampliar os lucros. É partindo do tráfego negreiro que se pode compreender a escravidão – um excelente e lucrativo negócio. Entretanto, a Inglaterra, que monopolizava o comércio de escravos no mundo, no século XVIII; se tornou a principal defensora da abolição, no século XIX, visando ampliar os mercados consumidores de suas indústrias.

No entanto, os escravos libertos não foram inseridos no espaço “consumo” tampouco dinamizaram o mercado, ficando à margem dos bens que a sociedade produzia. O racismo estruturou-se através da ideologia de dominação de uma classe sobre outra, a partir das relações de trabalho, o que veio a resultar numa preconceituosa ligação com a cor da pele.

Nas sociedades greco-romanas e medievais a escravidão não tinha embasamento na cor da pele – os escravos, principalmente nas sociedades antigas (Grécia e Roma) eram, na maioria, prisioneiros de territórios conquistados, ou até mesmo, escravos por endividamento. Fato que comprova que a escravidão não se originou do racismo; mas o racismo se originou da escravidão. O racismo vem acompanhado (principalmente na atualidade) da condição social ligada ao fator econômico da ordem capitalista – ou seja, a pobreza gerada através do desenvolvimento internacional capitalista, é a responsável pelo racismo e pelo preconceito. Sem desmerecer, ainda, o desemprego – forte componente que contribui para o aumento dos mesmos.

Segundo Gilberto Freyre, o Brasil foi palco de uma verdadeira “democracia racial”, onde a miscigenação presente na construção da sociedade brasileira é vista pelo autor de forma “romântica”. Foi exatamente o contrário, a miscigenação não significou convivências sociais justas e igualitárias; o que ocorreu foi uma nítida desigualdade social e racial que reflete até os dias atuais. Ao contrário de uma construção “democrática” vinculada pelas relações sociais, justas e igualitárias, ocorreu a dominação de uma classe sobre outra em favor do nascente capitalismo brasileiro da época em questão. A construção de uma história fortemente marcada pela legitimação do poder, que colocou as lutas de resistência à escravidão, de forma reduzida e descaracterizada, também pode ser apontada como um outro fator da crença da “democracia racial”.

A falta de conscientização da transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado como pura conveniência econômica ao sistema capitalista, acabou por reforçar as desigualdades sociais e raciais, acentuando a preconceituosa idéia de inferioridade do negro. Fato que cresceu ainda mais quando a hegemonia econômica se transfere para os Estados Unidos, perdendo a Inglaterra (regime parlamentar) sua colocação como a nação mais rica do mundo. A substituição do mercantilismo pelo liberalismo econômico também contribuiu fortemente para acentuar as desigualdades e consequentemente o racismo. (Tanto o mercantilismo quanto o liberalismo econômico são políticas econômicas do capitalismo, onde o primeiro é usado no Antigo Regime - Absolutismo – fase em que o capitalismo era comercial). O capitalismo teve várias caras, e a mesma moeda – gera desigualdade social.

Segundo Marx, são as relações de produção escravistas que colocam um ser humano em uma posição social de subjugação, de trabalho forçado, de exploração econômica, de opressão e violência material e simbólica, e que as representações desenvolvidas nas formas de consciência social embasada nessa situação de opressão resultaram numa ideologia racista que caminhou até os dias atuais. De acordo, ainda, com o marxismo, são nas práticas sociais, fundamentalmente enraizadas no tempo e no espaço, que se formam as ideologias e as expressões simbólicas em geral. Em outras palavras, isso significa dizer que “ durante a vida as experiências por nós vividas formam o que podemos chamar de conceitos culturais [...] a atitude e as ações de indivíduos não tem-se somente em uma única experiência, mas em muitas expiações “ [...]

É lamentável vivermos numa sociedade capitalista que dá privilégios a poucos e marginaliza muitos, onde a exclusão social impossibilita o acesso à direitos sociais básicos, que consequentemente, leva os excludentes à condição de subcidadãos, sem acesso às mínimas condições de sobrevivência, impossibilitando-os à uma vida digna: com direito à comida, trabalho com renda justa, escola, saúde, saneamento básico, acesso à cultura e, principalmente, educação. É lamentável vivermos numa sociedade capitalista que fecha os olhos às desigualdade e injustiças sociais, gerando instabilidade social. É lamentável vivermos numa sociedade capitalista que agride o meio ambiente em favor de tal sistema, esquecendo que a natureza tem suas próprias leis e rege de acordo com a ação dos homens – lei de causa e efeito. [...] “A Terra tem a capacidade da metamorfose e poderá destruir quem tenta destruí-la, para continuar em sua órbita perene”.

É lamentável vivermos numa sociedade dita capitalista onde a economia depende da economia de países dominantes e que é sabido que a economia desses mesmos países chegou à prosperidade graças à países pobres e dependentes, feito o Brasil, resultando na expansão da sociedade de consumo que só serve para enriquecer cada vez mais as referentes potências “neo imperialistas”.

É lamentável vivermos numa sociedade capitalista onde a concentração de renda gerada pelo próprio capitalismo só favorece os países desenvolvidos, aumentando o abismo entre pobres e ricos no mundo todo.

É lamentável vivermos numa sociedade capitalista que foi a única responsável pelo preconceito e racismo existente até os dias de hoje.

Definitivamente, é lamentável , um número significativo de pessoas, acharem tudo isso normal e não olhar em volta e perceber que fazemos parte de uma mesma sociedade, sem distinção de raças, sendo a raça humana a única que nos definiria como homens iguais e que jamais poderia ser separada por ideologias que segregam os homens de uma mesma raça – raça humana.



Texto inspirado em Metamorfose (Hernandez Aparecido Donizetti)


METAMORFOSE

- REFLEXÕES -

Aparecido Donizetti Hernandez



Durante a nossa existência as experiências por nós vividas formam o que podemos chamar de conceitos culturais, onde a formação de nosso caráter humano é o conjunto do que vivenciamos e os exemplos que temos; em especial, de nossos familiares e amigos que temos como referência.



A máxima sempre dita “Dizes com quem andas que direis que és”, não se aplica à formação de caráter e de atos do ser humano; (Lembrem-se Judas andava com Cristo e Pedro também - o primeiro o traiu e o segundo, o renegou) porque a atitude e as ações de indivíduos não se têm somente em uma única experiência, mas em muitas expiações.



Conheci pessoas que apesar de uma educação tanto de bons exemplos familiares, quanto em uma relação sócio cultural de “alto nível” ter a maldade e a mesquinhez como prática cotidiana, reforçada ainda por todo tipo de pré-conceitos, e conheci pessoas que apesar de uma origem simples sem muita educação formal e pouco acesso à informações, a não ser de seu pequeno e localizado mundo, com uma bondade e altivez, e uma profunda visão humana, de respeito à diversidade, que com toda certeza surpreenderia qualquer estudioso e antropólogo.



O ser humano não tem a capacidade da metamorfose, mas tem a capacidade com seu livre arbítrio de construir e seguir novos e melhores caminhos. Temos que nos indignar com as maldades, a maldade que destrói outros seres humanos, a própria Terra e a ambição, no sentido de ganância que, também vem destruindo nosso planeta e outros seres humanos, deixando marcas de destruição.



A Terra tem a capacidade da metamorfose e poderá destruir quem tenta destruí-la, para continuar em sua órbita perene.


Autora - Lilian Regina Andrade - professora de histórias - Pinhalão - PR

autorizado a reprodução desque citada fonte






























































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